segunda-feira, 28 de março de 2011
15 minutos
Nos últimos meses tenho falado muito sobre o tempo. Sobre para o quê a gente dá tempo, ou o que fazemos em nosso tempo livre, o quanto trabalhamos, o quanto no divertimos e tal. E não é que mais uma vez o tempo me desafia? Mas não é pelo fazer isso ou aquilo, mas pela obrigatoriedade de nada fazer.
Os mais próximos sabem que eu tive dois estiramentos seguidos na panturrilha. Dois. Resultado: além de um tempo de muletas e outro com bengala, fisioterapia. Foi a fisio (para os íntimos) que me fez parar. Não foi o estiramento. Foi a fisio.
Para quem já fez sabe que existe um procedimento que se faz com um aparelho que emite “ondas curtas”. Você deita na maca e colocam duas almofadinhas com fiozinhos ligados à máquina, na região a ser tratada. E é isso. Você espera.
Não se sente coisa alguma, calor, dor, frio ou choque. Você fica ali parado olhando para o teto, durante 15 minutos.
Dois pensamentos que podem ter passado pela sua cabeça:
1. 15 minutos não é nada
Realmente, ¼ de hora é pouco, mas quando você não tem absolutamente nada para fazer 15 minutos não passam assim tão depressa.
2. E o telefone? Não dá pra acessar email, twittar e etc?
Segundo os fisioterapeutas, não é lá muito saudável para o celular, a bateria vai embora rapidinho se exposto às ondas.
Assim, duas ou três vezes por semana fico lá, olhando para o teto por 15 minutos.
Já cochilei, já fiquei pensando na vida, já pensei no nada, já pensei em textos para escrever aqui. Em um desses dias, percebi que não parava para fazer nada, há muito tempo. Mesmo descansando sempre estamos fazendo alguma coisa. Vendo TV, conversando, lendo, cortando a unha do pé, dormindo.
Faça o exercício, quando foi a última vez que você parou por um tempo para não fazer nada?
Temos a necessidade de nos movimentar o tempo todo. No contexto do mundo que experimentamos hoje, é ainda pior. Conectados com algo o tempo todo, não existem brechas para nada fazer. Sempre podemos tentar resolver alguma coisa, on ou off line. O nosso tempo é cronometrado e quando vemos espaços em branco nas agendas ou intervalos entre um compromisso e outro, tratamos de preenchê-los, mesmo que informalmente.
No final das contas, de maneira forçada foi inserido nos meus compromissos um tempo para o ócio.
Precisei de dois estiramentos e a necessidade de fisioterapia para redescobrir e desfrutar das benesses do nada fazer. Tomara que eu aprenda e não precise de mais interrupções bruscas. E por último, quem diria que falar sobre "o nada" daria tanto prazer e de lambuja um texto. Jerry Seinfeld ficaria orgulhoso.
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Jean, vale a pena dar uma olhada neste site: http://www.clubedonadismo.com.br/
ResponderExcluirE já comece pelas DIRETRIZES DA PRÁTICA DO NADISMO
1. STOPNJOY!
Este tempo é totalmente seu para que você desfrute o fazer nada sem pressa.
2. ENTREGUE-SE!
Abandone a intenção de fazer nada. Esqueça qualquer objetivo, o nadismo não tem nenhum propósito.
3. SOSSEGUE!
Privilegie o silêncio e a imobilidade.
4. OBSERVE!
Evite ocupar-se mentalmente. Deixe a mente vagar como as nuvens.
Eu já sou sócia...
Abs.