UM DESENHO POR SEMANA

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Velha Juventude



Faltavam oito anos para eu nascer. E como quase sempre há, naquele ano existiam jovens e quando isso acontece, o mundo muda, nem que seja por algum tempo. São eles que não se importam com tudo que já existe. São eles que aproveitam tudo o que já existe. São eles que não se conformam com as coisas e que falam delas sem prevenções, sem pré-concepções e formatos, dizendo muitas vezes até sem palavras. São eles que erram muito, que arriscam muito. Naquele ano foram eles.

Sons da juventude, distorcidos como só eles souberam fazer. Resposta da juventude proporcional ao que os outros faziam por aí com canetas, moedas, muros e armas. Absurdos inimagináveis dos dois lados. Excessos, vários. Comportamento, atitude, vigor, vontade contra a do mundo. Mistura de tudo, rebeldia inócua e comum contra pais, com pitadas de revolta com o que havia de errado com o planeta.
Voz ouvida? Certamente, talvez não respondida.
Não mudaram nada. Marcaram muito. Cantaram, amaram, perderam, ganharam experimentaram, tudo demais. Fizeram tudo por curtição irresponsável também.



Ao contrário do que diz a canção dos anos 80, ninguém pode ser “Forever Young” seja na cabeça ou na alma. A juventude não é só um estado físico, e de longe não é um fator meramente etário. Ela é principalmente um período de tempo na vida de qualquer um e não pode durar para sempre. Se durasse, não seria o que é. Já ouviu aquele pensamento, “se eu fosse jovem, com a sabedoria que eu tenho hoje...”? Se alguém tem a sabedoria de uma pessoa que viveu muito não pode ser jovem. A descoberta, o excesso, o reconhecer dos limites são características essenciais da mocidade. Ninguém que sabe muito é jovem.

Engraçado, a juventude pessoal passa, mas a juventude como conceito não. Ela independe de época, das pessoas que existem, do regime vigente, da moda ou do tempo. Ela independe de você e de mim e um dia, se você ainda é jovem, a juventude vai irritar você, vai te instigar, vai te desafiar como você hoje desafia a vida.

Naquele ano de 1969 eu ainda não era. Hoje estou à beira de deixar de ser, mas ainda enxergo como é e meus ouvidos se deliciam com o barulho. Saberei que já não sou quando restar só saudade. E aí tomara que eu seja um pouco mais sábio e não brigue com o que é novo.



Atualizado em 2014:
A canção da minha série favorita, da minha juventude mais tenra, Valeu Joe Cocker, por dar voz a juventude para pelo menos 3 gerações diferentes. 



Um comentário:

  1. Reflexão sem a nostalgia dos tempos idos e sem a resegnação do que se vive hoje.
    Se Lupicionio tivesse lido essa crônica...

    Junior Barros

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