UM DESENHO POR SEMANA

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

As 10 melhores listas de qualquer coisa de algum período.

As 50 melhores bandas de todos os tempos.
Os 10 melhores jogadores da última década.
As 500 melhores músicas de todos os tempos.

Está em nossa constituição fazer comparações. Começam quando somos crianças, com as noções de tamanho. Nessa fase, muitas vezes o que é maior é melhor. O conceito de melhor de maneira funcional aparece depois, mas de qualquer forma ainda é eleito objetivamente. Até que nos tornamos adolescentes e subjetivos, e aí chegamos às comparações mais difíceis.

O melhor passa a ter uma série de quesitos para ser eleito. Questões pessoais, gurus seguidos, experimentação, hype, tentativa de ser legal no grupo, moda, necessidade de chocar, formação do caráter, necessidade de querência, o momento etc. Tudo se soma e a comparação fica subjetiva, pessoal e certas vezes quase que partidária.

Já escrevi sobre essa coisa da opinião algumas vezes, e vira e mexe a questão retorna pra mim.

Nessa de comparar o que é melhor, nós adultos entramos na onda de fazer listas só pra dizer quem ou o que é melhor. Para mim, uma lista de melhores que não tenha o título “as 10 músicas que EU acho que são melhores” ou “os 10 maiores jogadores da história segundo a MINHA opinião” é tão obscura quanto dizer que há infinitos números entre 0 e 1. Você pode até dizer que há uma lógica, mas não entra na minha cabeça.

Como é que alguém define que fulano é o quarto e não o terceiro? A primeira resposta poderia ser “simples, ele divide em critérios e dentro destes vai somando os pontos de cada um”. Sei.

Em 2009 o canal Sportv quis fazer uma lista dos melhores jogadores do brasileirão que fosse totalmente isenta, a partir de critérios e notas dadas rodada a rodada. Resultado: reformularam no ano seguinte, pois todo mundo percebeu que jogadores que não eram aos olhos dos cronistas tão bons, acabaram ficando na frente de outros mais queridinhos da imprensa e da torcida.

É difícil julgar de maneira isenta algo que não é matemático. Imagine o caso das artes, por exemplo, cinema e música principalmente. Sim, existem os aspectos técnicos, mas há também a forma como a arte fala a cada um, como se relaciona com o espectador, o que provoca nele. Depende da vivência da pessoa, de como uma imagem a afeta, de como um verso fala ou não com ela. Depende ainda de como esse espectador enxerga o mundo, de como pensa nas coisas. No caso dos críticos, existem ainda as preferências de escola, as rixas particulares e a necessidade de ser crítico. Um professor uma vez me disse “somos mais severos com aqueles de quem gostamos”.

E então, é possível ser isento? Comecei um exercício: toda vez que elenco posições em um assunto, o faço sempre em duas listas: a dos melhores e a dos que eu mais gosto.

Uma contém somente critérios técnicos, observando a intenção do autor (diretor, ator, músico, jogador), sua vivência, o público, as dificuldades, a originalidade, a técnica.

A outra é feita a partir de critérios apenas emocionais, subjetivos, lembrando de como o elemento da lista me impactou, como fez parte de minha história, e a relação que tem comigo.

Às vezes as listas se cruzam, mas não é sempre. Também não importa. Afinal, esse tipo de querência não está na minha lista de preferências da vida.

trilha sonora:

Um comentário:

  1. Infelizmente, essa questão de colocar em ordem de melhor ou pior está tão intrínseca nas nossas vidas, que levamos isso para tudo que escolhemos ou desejamos ter: como a escolha da pessoa que queremos passar o resto da vida, a melhor empresa para se trabalhar... quando na verdade, a nossa visão sobre determinado assunto, nem sempre será o mesmo, se levarmos em conta que a pessoa que queremos ao nosso lado, tem defeitos que outra pessoa, jamais suportaria, ou ainda, que aquela empresa tão desejada, cobra mais do profissional, do que outra, que simplesmente te deixaria trabalhar mais tranquilo, sem tanta exigência... é por isso que somos tão diferentes e mesmo assim, somos tão iguais.
    FABIANA DUARTE

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