Se ele errasse o Brasil estaria fora da Copa América 2011. Elano havia isolado no primeiro pênalti batido. O “monstro” Thiago Silva, em um ato de horror bateu mal e entregou a bola para o goleiro paraguaio. Em seguida, André Santos afundou o pé direito na hora de chutar e como Elano, mandou a bola lá na Ucrânia. O Paraguaio converteu e foi aí que o centroavante brasileiro percebeu a situação.
O Brasil estava praticamente desclassificado. Se ele fizesse o gol, a situação não se resolveria, mas ele daria um fôlego para a seleção, apesar de ter que contar com um erro paraguaio ou com a destreza do goleiro Júlio César na próxima cobrança Guarany.
Naquele momento não havia som de torcida em seus ouvidos, o lugar para ele estava mudo. Ele enxergava o goleiro, a bola, os buracos na marca da cal, e imaginava as manchetes dos portais da web que seriam estampados alguns minutos após o toque de sua chuteira na redonda. “Fred, Robinho e Júlio César salvam o Brasil.”
Se imaginou animando os colegas cabisbaixos por terem desperdiçado suas cobranças. Se viu com as mãos no rosto do experiente Júlio César dizendo “você vai pegar, cara, você vai pegar!”.
Foi então que chegou perto da bola. Colocou-a na posição, tomou uma grande distância e pensou que tudo aquilo que ele havia imaginado parecia não fazer muito sentido. Lembrou do grupo, do vestiário, dos xingamentos de “mercenário”, das críticas da imprensa para o grupo, para si. Olhou para o canto em que ia bater. Partiu em direção à bola e no meio do caminho diminuiu o ritmo e disse para si mesmo “vamos morrer todos juntos e ressuscitar em 2014”.
Fred saiu em silêncio, não falou com a imprensa ou com os jogadores. Mas seus companheiros perceberam tudo dias depois.
Um ex-jogador, agora um respeitável senhor de 52 anos, em uma entrevista disse que se não fosse Fred - que nem foi para a copa dois anos depois - ter errado aquele pênalti de propósito, aquele grupo não teria se unido e vencido a copa de 2014 e ele, Neymar Júnior não teria chegado a ser o melhor jogador do mundo três vezes consecutivas.
Bem, pelo menos foi isso o que ele disse hoje, 18 de julho de 2044.
Disse bem: delírio!
ResponderExcluirSe bem que em 94 e 02, perdemos a Copa América e fomos campeões.
Joab Barros