Existe um episódio de “My Wife and Kids” ou Eu a patroa e as crianças, no SBT, que me fez pensar. A família está se preparando para ir a um casamento e o pai, Michael Kyle (Damon Wyans), obcecado por chegar no horário, pressiona a todos para que estejam prontos o mais rápido possível. É claro que nada dá certo, e cada membro da família atrasa por um motivo diferente. Mas foi no caso da menorzinha, a Kady que veio a iluminação.
Depois de sujar o vestido com pudim e perder o sapato no banheiro, Kady precisa trocar de roupa para ir ao casamento. Michael tenta escolher uma roupa para a filha, mas ela não gosta de nenhuma.
Preocupado com o atraso do resto da família o Sr. Kyle toma a decisão “Veste o que você quiser” e “calce os seus sapatos favoritos e vamos embora por que eu to ficando louco”.
Resultado: a filha caçula surge com uma fantasia de fada, com direito a varinha de condão, e botas de cowboy (!).
Kady fez o que todos temos vontade de fazer, ter a permissão de vestir o que quiser, o que achava mais bonito, o que para ela era a sua melhor roupa.
Opa, mas nós maiores de idade não temos essa permissão? Não, alguns de nós, não. Nós respeitamos convenções sociais e assim não somos totalmente livres para escolher. Exagerando? Talvez.
Sou cristão e em grande parte das igrejas protestantes, até pouco tempo, aos domingos todos usavam o que chamávamos brincando de “roupa de ver Deus”. Sim, terno e gravata, ou pelo menos um traje “social”, a roupa que você que não é “crente”jamais usaria em um fim de semana. A não ser que você fosse a um CASAMENTO!
O argumento para tal prática era o de usar sua melhor roupa para algo que é importante, algo solene como um encontro com alguém que você respeita e ama (de novo, como um CASAMENTO?)
Eis aí a melhor roupa novamente. Desde que me conheço por gente entendo essa melhor roupa exatamente como a Kady: a que eu mais gosto, a roupa que se tivesse que usar para o resto da vida, eu escolheria aquela. Aquela que se todas tivessem o mesmo preço e a mesma marca, seria a que eu escolheria. Essa é a melhor roupa. Essa seria a que eu oferecia para quem eu mais amo, mais respeito, esse seria o meu melhor.
Mas é claro que as coisas são assim. Se você me convidar para ir ao seu casamento tradicional vestirei o meu terno mais bonito, embora para mim ele não seja nem de longe a minha melhor roupa. No meu próprio casamento eu fiz isso. Se eu for a uma audiência em um tribunal, provavelmente, mais uma vez, eu não use a minha melhor roupa. Usarei o uniforme padrão.
Qual é o problema disso? Nenhum, apenas que por mais que o mundo diga, aquilo não será o meu melhor, não serão minhas mais belas palavras, meus melhores valores, meu mais raro talento, minhas maiores conquistas. Serão apenas os modelos com os quais estão acostumados.
Aí, em uma ou outra cerimônia, dia de trabalho, ou o que quer que seja, por causa de um atraso, um rompante da sábia lógica insana das crianças, ou de um deslize da ordem vigente eu e você conseguimos vestir nossas “botas de cowboy e asas de fada”. E é nesses dias que a gente sempre se diverte.
Ah, só para constar, eu nunca fui muito adepto da "roupa de ver Deus". E hoje quando vou a uma igreja, visto a melhor roupa. Até porque, Ele está comigo sempre e o dia a dia já é meu momento solene.
Ah, só para constar, eu nunca fui muito adepto da "roupa de ver Deus". E hoje quando vou a uma igreja, visto a melhor roupa. Até porque, Ele está comigo sempre e o dia a dia já é meu momento solene.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expresse-se aqui.