Quando o twitter começou a se popularizar, muita gente
começou a encasquetar com a rede falando “para que serve? Para dizer que
almoçou, que foi no banheiro?” Todo mundo já ouviu alguém que não usa a
ferramenta dizer isso. E no começo muita gente fazia isso mesmo e era comum ver
atualizações do tipo “almoçando”, “vendo TV”, “descansando”.
Para que eu preciso saber que alguém está almoçando, certo?
Certo. Então lá vai outra pergunta: para que você iria querer saber a quantos
metros estão seus amigos? Qual razão você teria que fosse relevante para saber
onde determinada pessoa está?
Monitoramento
Monitoramento
Pode parecer grosso e talvez meio antiquado mas aparentemente
estamos perdendo a noção com os smartphones, ou na verdade, os desenvolvedores
é que perderam. Demorei para “entender” o foursquare, e de repente a cada dia
aparecem mais ferramentas de monitoramento de pessoas on line.
Como no caso abaixo:
Homem
flagra esposa infiel através de aplicativo do iPhone 4S
“...Usando um estratagema simples e o app Find My Friends,
confirmou as suspeitas de que sua mulher o traía.
O Find My Friends permite que os usuários encontrem seus
amigos usando o localizador GPS presente nos smartphones. O marido desconfiado
deu um iPhone 4S para a esposa de presente, sob a alegação de que era um
lançamento e ele quis “fazer um chamego”. Só que ele também comprou um para si
e com seu próprio iPhone passou a rastrear os descaminhos da amada.”
Infidelidades à parte, como se não bastasse você dizer
“o que está pensando agora”, ou vendo agora, ou fazendo agora, passamos a dizer
onde estamos agora e a quantos metros de distância. Cada smartphone tem seu app
próprio de monitoramento. É claro que você pode desabilitar ou nem baixar o
aplicativo. Mas no meio do furacão os mais desavisados ou já nascidos nesse
admirável mundo on line em que
vivemos, nem pensam na possibilidade de desligar. O monitoramento para eles e
alguns de nós, faz parte do kit smartphones-compartilhamento-redes sociais. Aliás, para estes incautos imagino que o termo
monitoramento seja agressivo, pois tudo está travestido apenas deste
compartilhar das redes.
Não vou nem entrar nas teorias da conspiração
falando do facebook, cartões de crédito ou da sua conta do Google com os dados
cruzados de todas as suas atualizações nos diversos serviços do oráculo da
internet.
Frequentemente penso na sorte que tenho de pertencer à
geração do meio, já disse isso aqui. Uma geração que viu as transformações na
comunicação tecnológica acontecerem a apartir da década de 90 (como o filme de terror adolescente do cartaz acima) participando delas,
mas que sabe como eram as coisas antes, tanto o ônus como o bônus. Me sinto
meio esquisito nessa entrega diária de tudo das pessoas. Talvez, como no caso do twitter, seja apenas uma
questão de adequar a ferramenta de uma maneira mais relevante e achar um
sentido para a coisa. Talvez eu esteja como os que não acreditavam nas redes
sociais e nela viam uma perda de tempo. Talvez.
Mas eu prefiro crer que como em tudo que fazemos, há que se
ter equilíbrio, pois às vezes passamos da conta em um momento de empolgação.
Esse é ocaso da onipresença on line a que nos submetemos todos os dias.
Passamos do compartilhamento ao monitoramento. Estamos criando a era do “Grande
irmão” 2,3,4, 5 ponto 0. E depois, meu
amigo, não vai adiantar querer se esconder.
Eu tenho uma imensa dificuldade pra usar o Twitter. Já tive, já cancelei, fiz de novo e hj possuo meia dúzia de gatos pingados por lá exatamente porque eu ainda não achei minha própria lógica de usá-lo. Mas sou viciada em Facebook. Quem sabe uma hora não encontro um propósito para tudo isso???
ResponderExcluirAdorei o texto.
99,87% da nova geração usuária dos smartphones nunca leram 1984. O restante que leu, não entendeu. E quem entendeu, acha que tudo é uma fantasia. Monitoramento? ppppfffff... Eles são da era do compartilhamento, é diferente. Monitoramento é compulsório, compartilhamento é opcional. Não enxergam a diferença em escancarar suas vidas para o mundo (ou ainda não sacaram que a web pega além do quarteirão de casa) e sorrirem para ser filmados. Eu tenho a sorte (sim, sorte) de pertencer, assim como você, à geração mista: meio oculto/meio exposto. Tenho consciência que posso me ocultar a qualquer momento e digo mais: posso desaparecer das redes sociais com três cliques e ainda assim, viver muito bem obrigado. Mas vejo com olhos temerosos a geração que "depende" dessa exposição para se relacionar, se é que posso chamar de relacionamento um recado no mural ou um SMS no celular. Eu tenho consciência da minha super exposição e sei que posso matá-la a qualquer minuto. Mas, e o resto? Pertinente ao máximo seu post.
ResponderExcluiré Carolina, eis aí a questão, o tal do propósito...valeu pelo coment.
ResponderExcluirRubens, é, o ter consciência do que se diz, quando e pra realmente quem, já faz a diferença. Poder de escolha tem a ver também com conhecimento. Quem está mergulhado nesse ambiente às vezes não sabe que existe oxigênio fora...
Eita.... que gostei demais do q li aqui...
ResponderExcluirPois é o mundo tá assim mesmo, e agora trabalhando com "as Redes Sociais" eu percebo melhor ainda o desespero das pessoas e a necessidade excessiva da vida on line... Eu amo a vida on line, mas amo as cores,as flores, os cheiros da rua, os encontros cercados de risadas, o amanhacer o entardecer...enfim, q bom realmente sermos da "turma do meio"pois temos essa visão de quem olha de fora do contexto, pois já vivemos sem isso e muito bem obrigada, então sabemos a dose certa... nem mais, nem menos!
Parabéns, belo texto!