Carro conversível, uma bela estrada que passe por
alameda de árvores, montanhas verdes e campos dourados. O dia tem um ensolarado
de inverno. A estrada parece ser longa, quase não se vê carros. Uma canção toca
no rádio em volume alto, mas não agride ouvidos, impulsiona o motor ao mesmo tempo que
movimenta o vento, e exala os odores das folhas, grama, terra e do asfalto
claro e da poeira. O motorista dirige sozinho com seus pensamentos e sorri se percebendo
dentro de um plano de cinema bem clichê...
Eu era uma criança que sonhava um sonho adulto. Provavelmente
para o eu com oito anos as sensações não fossem tão claras na cabeça,
talvez só houvesse um contentamento que eu não entendia. E hoje as lembranças
se misturam: a capa do LP com dois rostos em preto e branco, a banda que minha irmã
curtia, um som dos anos 80. Um disco que não é exaltado, não é cool ou cult. Artistas
que não são gênios, mas conseguiram o que para mim toda boa canção deve fazer: marcar,
fazer alguém lembrar de algo, fazer parte da história de alguém, criar devaneios
na mente, pregar peças, estimular sensações que você nunca teve.
Em meio a dezenas de boas atrações e outras não tanto que
chegam aqui no Brasil, a banda responsável pela memória do adulto a partir de
um desejo da criança, está fazendo seus shows, sem badalação, mas com casas
lotadas. Isso me fez lembrar daquele quadro, a imagem de clip que me
persegue por todos esses anos e realmente virou um sonho simples que um dia vou
realizar.
Talvez eu tenha vivido coisas muito mais incríveis que
aquela sequência de imagens e sons, mas memória a gente não escolhe. E ainda que eu não a viva na realidade eles já fazem parte de mim.
Ah, sim, tenho mais de
30.
Os caras hoje, no show em São Paulo.
Puxa, Jean, que incrível relembrar esse som.Retornei aos bons e velhos tempos de adolescência...
ResponderExcluirJane