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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O meme da Luíza: uma explicação gramatical.

Por que a “Luíza, que está no Canadá”, virou meme?
Meus palpites:

Redes sociais
O choque do diferente.
O aposto

Sim, o aposto. Quem trabalha com texto sabe o quanto vale uma vírgula. A Luíza, que está no Canadá, também sabe, ou devia saber.

Essa frasezinha e o anúncio em si viraram memes, além dos outros motivos supracitados, por causa, da vírgula e do efeito provocado por ele.

O que o redator fez no texto foi um aposto, palavra ou expressão que explica ou que se relaciona com um termo anterior com a finalidade de esclarecer, explicar ou detalhar melhor esse termo, separando-o entre vírgulas no texto.

Esse entre vírgulas isola, destaca uma ideia do texto corrido. É o que acontece no comercial do empreendimento. De tudo o que é lido e falado dentro e uma massa de texto maior, o que se grava é o conteúdo do aposto.
Como se numa música fosse o momento do solo de determinado instrumento: destaca-se o som dele, seja com distorção, aumento do volume, mudança de ritmo, aumento da quantidade de notas, enquanto os outros ainda estão tocando a base normal.

Ou para os fotógrafos, desfocar a imagem da frente para destacar um elemento que não seria visto aos olhares comuns.

Ok, não foi com essa arte toda que pensaram no comentário feito dentro do anúncio. Pelo contrário, deram destaque ao que não era pra aparecer e a coisa funcionou melhor que a encomenda.

Além de toda aquela análise das redes que você já leu e ouviu em um monte de lugares, da facilidade de compartilhamento, alcance etc, foi isso que fez o meme acontecer. O aposto quebrou o ritmo do texto e jogou a lente de aumento numa informação que não tem a menor importância pra vender o empreendimento. A não ser que a ideia fosse dizer que o apartamento é tão grande que cabe até a Luíza, que não estava lá de corpo presente, mas pode voltar a qualquer momento.

Mesmo assim. O meme acontece por causa dessa informação destoante (ou dissonante, falando de música novamente). Para variar, aquilo que destoa, choca, difere é o que chama atenção.  Some-se a isso o potencial humorístico das redes e cria-se o tal do meme.

Ainda que seja um acidente, as coisas não acontecem por acaso, por geração espontânea. No caso do comercial foi por causa de uma propaganda veiculada, do compartilhamento das redes, de uma informação dissonante e do aposto. 
Ah, e também por causa da Luiza, que eu nem preciso continuar...      

2 comentários:

  1. E até um texto inteligente saiu desse comercial sem noção. Muito bom, e muito bem escrito. Parabéns!
    Te visitarei mais.

    abraço

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  2. Opa Tati, seja muito bem-vinda e fique à vontade. Valeu pelo comentário!

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