Em 2008 escrevi uma série de
três textos por aqui sobre “coisas que irritam nas festas de fim de ano”. Nela,
falava sobre aquelas situações das quais todo mundo reclama, mas não consegue
escapar. Em meio às polêmicas natalinas, correrias para terminar trabalhos de
dia, compras, confraternizações, o resolver de pepinos à noite, percebi que o
Natal parece ser mesmo mais estressante do que agradável para a maioria das
pessoas.
Lembrei disso novamente esse
ano. O que me levou a esse pensamento foi um filminho natalino da Disney que
passava na TV. Era daqueles básicos da época, no qual alguém tem que fazer das
tripas coração pra chegar ao local da comemoração de natal da família até o dia
25. Tudo dá errado, brigas acontecem, e no final todos se encontram e percebem
como é bom estar junto daqueles a quem se ama. Sim, você já deve ter visto uns
47 filmes desses.
Assistia ao filme em um momento
de puro estresse natalino. Não aceitava que o dia em que se comemora o
nascimento do filho de Deus que veio salvar todo mundo, o inferno se instala na
terra em forma de correria, necessidade de resolver coisas, bater metas, fechar
o ano, comprar presentes, achar lugar no estacionamento, enfrentar filas,
perder horas, fazer contas, pagar contas, negociar com familiares, ir à “festa
da firma” somadas a todas as outras obrigações normais do dia a dia.
O Natal deveria ser um dia
agradável, de celebração, de encontro de, de, de...de filme da Disney! Uepa! Aos 35 anos de idade (mas
aparentando 32) eu estava querendo era um final feliz igual aos das histórias de
cinema.
Percebi o absurdo e
confrontei o meu natal com o pior Natal de todos.
O Natal de Jesus. Só para
relembrar: o aniversariante, antes de nascer estava viajando no lombo de um
jumento no meio da palestina. Situação confortabilíssima. Viajava por culpa de um governo opressivo,
estrangeiro que queria contar o número de pessoas em seus domínios. Chegando à
cidade do recenseamento, a lotação era tamanha que sobrou um estábulo como
acomodação. Em meio às piores condições de limpeza, uma mulher grávida se
instalava e o lugar onde os animais comiam serviu de berço para a criança. Não
havia um parente, um amigo, qualquer conhecido.
Não existe comparação.
Reclamamos dos preços das coisas, dos impostos do governo, de ter que negociar
com a família, de uma simples dificuldade de estacionar em um shopping,
enquanto no nascimento do dono da festa nada parecia dar certo. Apesar dos
anjos que cantaram e dos presentes que Jesus recebeu, Ele não teve um final
Disney. Logo depois teve que sair fugido
para o Egito, pois um rei queria matá-lo.
O Natal foi um dos dias mais
difíceis da vida Jesus, talvez somente comparável ao da sua morte. Creia você
nessa história ou não, ela é a base da comemoração da data hoje subvertida em “magia
do natal” (urgh). Celebramos um milagre. Ali não há magia, há sim dificuldade,
perseguição, precariedade. Há a providência divina que não nos tira do dia a
dia, não nos exime das dores, não nos priva das tribulações, mas nos livra do
mal.
O pior Natal de todos é
também o melhor. Como na sua vida e na minha, quando em meio às dores vemos que
Ele nos ama. Pois, como disse um cara que servia esse tal de Jesus “quando
estou fraco é que estou forte”.
O Natal é uma celebração do
milagre que existe na dificuldade. É o lembrar que temos esperança em meios às
tribulações, baseadas nesse sinal realizado única e exclusivamente por amor.
E nisso o filminho da
Disney, por mais piegas que possa parecer, tinha razão. A saga do pior Natal de
todos foi, assim, por amor e nenhum roteiro se compara a ela.
Bela reflexão natalina para os dias de hoje!!!!
ResponderExcluirJane
Excelente, cara. Bela mensagem de Natal, no sentido mais cristão da palavra.
ResponderExcluirValeu, cara. Brigadaço!
ExcluirGostei e vc tem toda razão... Parabéns...
ResponderExcluirAbraços e saudades. Pr. Léo.
Saudades também, Léo!
Excluirdemais... parece que eu precisava ler algo assim, viu.
ResponderExcluirobrigada!