UM DESENHO POR SEMANA

terça-feira, 14 de maio de 2013

O quereres e o não


- Voltamos e a gente tá aqui com o querido dos artistas não-queridos Wagner DuBoné. Cara, prazer demais ter você aqui.

 - O prazer é meu porque eu queria estar aqui, sério.

 - Pô, que massa! Lindo ouvir isso, véio. Vamos começar então. Essa coisa de ser não-querido...

 - Aliás eu queria falar sobre essa coisa de não querer, de ser querido e tal. A verdade é que querer é uma coisa superetimada e subestimada ao mesmo tempo. E quando uma coisa é levada aos dois extremos ela ou se rompe ou fica mole, morna, saca? Respeita-se até o fim o querer de cada um, mas aí tem os compromissos e aí se desrespeita... como explico isso pro meu filho de 5 anos?

 - Sei...

 - Exemplo: eu queria estar aqui, mas eu não tava a fim de cantar hoje. Eu tô afim de falar sobre isso. Mas eu tô aí com o violão, os menisnos vierma comigo, vocês regularam o som, tem toda a preparação do cara que tá lá na mesa e chegou aqui 3 horas antes, o nego que puxou os cabos e tals. Mas eu não quero cantar, porque a maioria não tá nem aí pro que eu falo nas letras, então eu quero é dizer no oral, discursado mesmo.  

- Mas Wagner, o program é seu, meu velho. Aqui você é livre e manda o que quiser, falar cantar, se quiser operar a câmera, ou apresentar fique à vontade.

- Eu sei. E é exatamente por isso que eu vou tocar. Eu sei que me chamaram pra isso. Uma vez me falaram que essa coisa de querer, mas não fazer, chamava-se, crescer, ou responsabilidade, ou ainda bom senso. Sei...isso é resposta pra quem não sabe o que quer fazer ou tá na adolescência mental. Responsabilidade é desculpa de quem não tem opinião, ou não acredita nela. A escolha de fazer o que não se quer pelo outro, deve ser respeito, não responsabilidade. A desculpa da responsabilidade já transformou artistas em homens deploráveis, pais e mães de família em workaholics infelizes que deixam os seus filhos mais infelizes ainda. Vou tocar por respeito a esses cabras que tão aqui ralando, a quem parou o que ta fazendo pra ver e a você que me recebeu aqui e tá me ouvindo dizer esse monte de, de, de...verdades! E não são “minhas” verdades, que é outro exemplo claro de falta de opinião. “Sua verdade”, “minha verdade” é a exacerbação do “lavo as minhas mãos do que eu acabei de dizer”... vai ser cagão assim lá no show da Xuxa...Ah, e chega que eu vou cantar.

 - Sensacional. Então vamos de música. Manda ver Du Boné. Não, perâe, acabou o tempo? Tem que vir comercial...mas no próximo bloco tem Duboné pra quem quer e quem não quer, ou sei lá...eu sei que eu quero. E você DuBoné?

- Contaê batera!1,2,3,4...

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