UM DESENHO POR SEMANA

terça-feira, 30 de julho de 2013

Dirigir é coisa de diretor
























DÊ O PLAY ANTES DE LER: Minha Road Music




Quem acompanha meus textos por aí sabe, sou um motorista incipiente. E nessa característica, pequenas novas experiências surgem dia a dia. Depois de pouco mais de 5 meses de habilitação, no último domingo experimentei o dirigir sem rumo, em um belo e ensolarado final de tarde de inverno. Imagino que todo mundo fez isso algumas vezes, e vários motoristas o fazem costumeiramente, até mesmo para se livrar das cargas do dia a dia.

Sempre gostei disso, mesmo quando não dirigia. Nas noites de fim de semana,  na volta de qualquer que seja o evento, dizia para minha amada Cyn dar uma volta, no que ela prontamente atendia e aproveitava comigo. E nessas voltas, só olhávamos o caminho que se apresentava, as pessoas, as luzes, a falta delas, os locais que conhecemos de dia, o ar da noite e assim respirávamos o nada precisar dizer e, se acontecesse de uma ou outra ideia aparecer, esta era solta, compartilhada e levemente pensada pelos dois, sem lá muitas necessidades de serem resolvidas (e essas são as melhores ideias).


Mas todos vocês que têm o volante nas mãos há anos sabem que ter o seu momento Easy Rider, ainda que no modo easy/beginner/soft/kids, passa pela sensação de sozinho decidir pra onde virar em cada bifurcação, a velocidade que se vai e o observar da tela de cinema que se põe a sua frente no pára-brisas.   

As cenas dessa tela são decididas de modo imediato por você, em longos planos-sequência, em um roteiro com amplos espaços para improvisos e interferências externas, cujo o início e o fim são as únicas coisas sabidas. Dirigir nessa visão é dirigir com o olho da lente, com o plano imaginado um milésimo de segundo antes de dobrar a esquina e mudado quando a alameda que você nunca viu se apresenta à sua frente e te surpreende em luz e fotografia perfeitas e você diminui a velocidade para aproveitá-la.

Nesse contexto, dirigir é o dirigir de cineasta, na alma e na mente, não tendo, assim, nada a ver com pilotar. Não é correr, não é ser ás, é ver, é ser roteirista, diretor, montador e espectador da obra. É mudar o dial em busca da trilha perfeita e sorrir  quando ela aparece. É ver-se dentro do filme que ninguém nunca fez, com todos os clichês, os não-clichês, o que você já viu e que  não viu, mas sua mente almejava receber pelos olhos e ouvidos de uma só vez. É ter na mão o controle das escolha e o descontrole do mundo, dos carros, das imagens a sua volta.
Dirigir sem destino é um extrato da sua vida. Certo como você acha que escolhe tudo, incerto como as estradas te levam para lugares determinados.

Dirigir sem destino é como dirigir um curta da sua vida: basta escolher os planos e ser o John Hughes,  Wes Anderson, J. P. Jeunet, Woody Allen ou Spielberg de si mesmo. Aí é gritar “ação”, rodar e deixar sua mente editar as imagens quando um dia for se lembrar delas.






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