UM DESENHO POR SEMANA

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O dia em que fui feliz sem saber o porquê

Foi em 1981, dia 23 de maio, eu tinha apenas 4 anos, mas me lembro bem. Um dia feliz. Acordei logo de manhã e com toda a energia de criança, queria fazer muita coisa. Fui tomar café, e apesar dos meus apelos, minha mãe me fez comer frutas ao invés dos biscoitos recheados que eu tanto queria. Mas não fiquei bravo. Era um dia feliz, eu não sabia por que razão, mas era. Minha quadra de anos não permitia que eu especulasse muito, apenas era assim.

Após o café fui até a sala onde ficavam meus brinquedos e de cara pisei num dos meus playmobils preferidos. Havia sido esquecido no chão na última brincadeira, e agora estava esmigalhado. Olhei para os agora pedaços do brinquedo com pesar por uns 5 segundos e toquei a vida, ou seja, fui brincar. Afinal, aquele era um dia feliz.

Depois de um tempo, meu irmão chegou querendo ver TV, e é claro sem a minha presença ali, por isso começou a infernizar a minha vida, de um jeito que só irmãos mais velhos sabem fazer. Fiquei chateado por outros 12 segundos, e saí com alguns brinquedos. Pela primeira vez não chorei. Era um dia muito feliz. Não conseguia ficar triste.

E assim se seguiu o dia, com uma sucessão de momentos bons e ruins comuns a um garoto de 4 anos, todos fazendo parte de um dia feliz. Dessa forma almocei cenoura e beterraba, e do mesmo jeito ralei meu joelho ao tentar correr na garagem. Mas o clima do dia era de alegria, pelo menos para mim. Em nada havia tristeza, o lamento momentâneo de uma ralada, ou de comer alguma coisa com gosto ruim, tinham o exato tamanho que deveriam ter, ou até menos. Eram detalhes, componentes de um dia feliz.

O que havia demais naquele dia? Minha tenra idade me protegia de perder tempo pensando. Apenas fazia, agia, continuava sendo criança e aproveitava o que era bom, como se fosse o último dia. E não era. Era o primeiro de uma vida que eu iria ter no futuro, era o dia que garantia um caminho feliz.

Naquele dia fui dormir cansado e alegre como uma jornada infantil deve ser. Como toda jornada deve ser, chegando ao fim dela sentindo no corpo e na mente lembranças de tudo o que foi feito com uma sensação de contentamento.
Foi mesmo um belo dia. Era 23 de maio de 1981. Um dos melhores dias da minha vida. Hoje sei o porquê.
Parabéns Cyn, meu mais belo dia, minha “Claracidade”.

2 comentários:

  1. Simplesmente apaixonante! emocionante! e confesso que balbuciei um breve som de choro!
    Mas eu preciso ser feliz, a cada dia, e como cada dia é um novo, sigo em frente!
    Obrigado por compartilhar essas coisas com a gente!
    Bom Dia!

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