UM DESENHO POR SEMANA

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Tudo é lindo e nada é meu

Ás vezes vejo-me fantasiado de libelo da luta pela verdade artística.
Um bastião da originalidade, da sinceridade musical, literária,
na busca pela pureza plástica, de intenção.
Aí, de repente olho-me no espelho e rio.
Depois, a feição muda, ruboriza
Como na vergonha de quem acabou de derrubar o garfo no chão
no jantar em que se conhece o pai da namorada
Segue-se então, um reprovar-se a si mesmo
Pela eloqüente negação da relevância da obra dos outros
É nesse momento que escuto uma canção,
enquanto imagens em movimentos se sobrepõe
Enquanto cores se misturam a tudo e palavras vem à minha mente
Nenhuma delas parece ser minha
São todas usadas, gastas
Nenhuma das cores foi misturada por mim
Tão pouco as imagens e as melodias
Mas, tudo é lindo e nada é meu
Tudo, na verdade sou eu
E aí a sinceridade e apureza aparecem
Volto-me ao original que não existe
E de maneira clara percebo que sempre esteve aqui

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