Enquanto estou no meio das “mais loucas aventuras” de um casal gestando o seu filho em um país totalmente confuso, irritado,com redes sociais armadas, desinformadas e uma copa do mundo acontecendo, “hoje na sessão da tarde”, penso: o que é que devo fazer da minha mente?
Sim, durante essa loucura toda, minha
sanidade é o assunto principal que faz a pulga alojar-se atrás de minha bela
orelha. Talvez como eu, isso também tenha acontecido com você (ou não,
você é normal).
Tanta coisa pra pensar, decidir,
resolver, realizar e até “prever” que o caso vai ser de manicômio. Por que a
gente pensa em nós, egoísmo puro. Aí a gente pensa na criança - que lindo! Sim,
mas é a minha criança, então não há tanta vantagem assim - egoísmo quase
altruísta. Aí tem o Brasil, as mazelas, o coletivo, a corrupção, a realização,
a melhora, a piora, as classes sociais, a administração do país, a cidadania,
as opções, a falta delas. As verdades e as mentiras que fazemos delas.
A mistura das personas cidadão,
pai, marido, amigo, irmão, tio, colega, profissional, artista fez-se mais
confusa. Sim, é questão de terapia, meus amigos. Mas, em uma medida de
emergência, resumi todas as questões em apenas uma sofisma tostínica (talvez
culpa de minha persona publicitária):
O que é mais importante: que
mundo vou deixar para os meus filhos, ou que filho vou deixar pra esse mundo?
Vou atrás do que for possível
para saber mais e fazer o melhor que puder em voto, opinião, textos, conversas, insistindo nos debates em prol do meu país, atingindo a coletividade e conquistando um
futuro melhor para o meu filho? Ou foco minhas atenções no trabalho, no
microambiente (leia texto sobre isso no Transformai-vos), nas relações
familiares nem sempre fáceis, nas dúvidas sobre o parto, no relacionamento com
minha esposa, em minha espiritualidade, para ser um pai são e preparar um filho
para contribuir com o mundo? (leia aqui o texto de uma mãe pensando nisso)
Pensa aí.
Pensou? Qual foi a sua conclusão?
Bem, eu escolhi a segunda opção. E é um desafio muito maior do que o primeiro. Sei que meu voto vale, acredito que minha
opinião vale, que o que digo pode valer pra você, mas preparar-me para
criar alguém que possa fazer por seu presente e por um futuro ainda mais
distante me parece mais sensato. Vivemos em um mundo onde todos temos opinião,
balizada ou não, sobre tudo e a informação é difusa e a propagação de verdades
cegas e discursos mudos de intenção coletiva imperam. Um mundo de cegos, surdos e loucos, sem a graça do filme com Richard Pryor e Gene Wilder. Nesse contexto, investir no futuro com uma peça que depende
inteiramente de mim parece ser a melhor das minhas contribuições no momento. O
presente caótico não deixa pistas de pra onde vamos e ainda sim tenho esperança. Minimamente, posso
pensar no cidadão de daqui há 15, 16, 21 anos, fazendo o máximo pelo
microambiente dele, tentando melhorar aquilo que o cerca mais de perto, a começar em mim. Não há responsabilidade mais natural e ao mesmo tempo mais insana. Sanidade, era
disso que se tratava esse texto. Que loucura.
Assim, deixarei o parlatório por hora. Continuarei observando os rumos do país e as intenções dos possíveis dirigentes para fazer minhas escolhas, mas me ausentarei das análises coletivas da relevância ou não da copa e do discurso dessa ou daquela ideologia política. Não mais sofrerei vendo e tentando remediar a desinformação dirigida, preguiçosa e virulenta, travestida de revolta. Esquizofrênicamente, mergulhado em um pensamento ego-altruísta, meu foco é o Pedro. E é pra ele que eu digo: obrigado por trazer sanidade ao seu pai, filho.
Assim, deixarei o parlatório por hora. Continuarei observando os rumos do país e as intenções dos possíveis dirigentes para fazer minhas escolhas, mas me ausentarei das análises coletivas da relevância ou não da copa e do discurso dessa ou daquela ideologia política. Não mais sofrerei vendo e tentando remediar a desinformação dirigida, preguiçosa e virulenta, travestida de revolta. Esquizofrênicamente, mergulhado em um pensamento ego-altruísta, meu foco é o Pedro. E é pra ele que eu digo: obrigado por trazer sanidade ao seu pai, filho.
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