UM DESENHO POR SEMANA

quarta-feira, 19 de junho de 2013

De onde vem a calma e a raiva



Tudo o que você pensa vem de algum lugar. Nem que seja da sua lembrança mesmo. O que você acha que sabe, pode ter vindo do viver, do ver, do sentir ou simplesmente do ouvir falar. O lugar onde você mora, os pais que você tem, a escola que você frequentou, os seus melhores amigos, a igreja em que congregou ou na qual nunca foi. A presença e a ausência fazem diferença no seu e no meu julgamento sobre qualquer coisa.
Você pode ser palmeirense simplesmente porque todo mundo na sua casa era, ou porque todos eram corinthianos e você gosta de ser do contra. Você pode torcer para a Sociedade Esportiva Palmeiras unicamente porque na época em que você era criança já com algum entendimento, o clube ganhava tudo. 
Você pode gostar de loiras porque sua mãe também tinha os cabelos amarelos e morreu quando você ainda era pequeno. Você pode gostar de loiras porque  sua mãe era morena e quando você era pequeno ela te batia, ou porque seu primeiro beijo foi numa linda loirinha logo aos 5 anos no pré-primário, ou ainda você pode gostar de loiras porque aos 8 anos você viu Marilyn Monroe com suas saias esvoaçantes, escondidinho atrás do sofá enquanto seus pais assistiam O Pecado mora ao lado.



Você pode gostar de usar xadrez por ser adolescente na época em que um movimento sujo e mal lavado de seattle esfregava o rock na cara de todos com camisas flaneladas. Ou você pode gostar de usar xadrez porque alguém que sabe que de 20 em 20 anos as coisas voltam, disse que é legal  e você gosta de ser legal. Ou você simplesmente ganhou uma peça com estampa xadrez de alguém que você gosta muito e nunca mais parou de usar.

Você pode ter escolhido sua carreira como advogado pelo fato de seu pai ser um. Ou pode ter escolhido porque sua familía nunca teve nada, mas apostou em você e isso era importante pra eles. Você pode ter decidido pelo dinheiro que pode dar, porque queria ajudar a justiça, ou ainda você pode ter prestado direito simplesmente porque deu cara  quando jogou a moedinha pra cima na hora de fazer sua inscrição no vestibular. Ainda sim você teve que escolher entre centenas de opções pra chegar nas duas que foram para a final do cara e coroa.
Você escolheu namorar, viver, casar com alguém porque se sentia sozinho, ou porque se sentia completo e podia fazer alguém feliz, porque admirava uma pessoa, porque cedeu aos seus instintos e depois achou que era o correto ou porque não sabia o que fazer.

Você escolheu ler esse texto porque conhece o autor, ou porque conhece alguém que indicou o link, porque gostou do título do post, porque ele enganou você com o título do post, ou porque não tinha nada melhor pra fazer. Se foi por isso, ainda sim você escolheu vir aqui em vez de assistir outra vez aquele video do Porta dos fundos, ou qualquer relato das manifestações dos últimos dias.
Não citei os livros que você leu, os discos que ouviu, os filmes que assistiu ou os lugares onde você foi, mas paremos por aqui. De qualquer forma, agora que já falamos tanto de você, entrego-te a responsabilidade de continuar fazendo o mesmo.

Sugiro as seguintes questões: Por que compartilhei aquele post?
Por que apoio as manifestações? Por que não apoio as manifestações? Por que não estou nem aí com isso? Por que só penso nisso?
Por que votei naquele cabra?
Por que não votei naquele cabra
Por que eu vaiaria a Dilma?
Por que eu não vaiaria a Dilma?
Por que não vou fazer o que esse mala está me pedindo?
Por que eu li tudo isso?

Faça isso hoje e deixe sua mente descansar por alguns dias. Acrescente suas próprias perguntas. Repita pelo menos uma vez ao ano.

Um comentário:

  1. Nesses últimos dias, o "por que" tem um valor um tanto especial.Aliás, por que estou escrevendo isso? Valeu!!!!

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