Foto: Nadia Carol Otake |
Por Nádia Carol Otake
Aí não importa o que o ser humano escolha fazer com sua vida algumas pessoas tem esse desejo, de ser relevante no que faz, ter voz e trazer alguma transformação boa para esse mundo.
É óbvio que existem visões diferentes em como isso pode ser feito e alguns são bem mais radicais do que outros em suas escolhas mas no final dá no mesmo. Todo mundo deseja que o "mundo" veja o "mundo" através de seus olhos.
Como comentei em posts anteriores, o nosso desejo como família é fazer com que as pessoas tenham um relacionamento com Deus trazendo dignidade para os seres humanos que de alguma forma foram roubados do direito de se sentirem dignos na sociedade aonde vivem.
Acabamos de voltar de uma viagem ao redor do mundo aonde tivemos o privilégio de conhecer muitas pessoas e influenciar a vida de algumas delas. Confesso que quando cheguei em casa fiquei um pouco deprê pensando: "- Poxa, agora vou ficar em casa cuidando da Isabella, enquanto o Ricardo está lá fora 'ajudando a mudar o mundo!'"
Mas aí lembrei que, alguns meses atrás logo que a Isabella nasceu tive uma crise parecida, e processando a respeito tive algumas revelações e hoje decidi compartilhar por aqui.
Trabalho em um Instituto de Cinema, aonde antes de ter a Isabella, ajudei a treinar centenas de alunos de todas as partes do mundo com mídia e fotografia para que eles fossem lá fora 'dignificar' a humanidade e dar voz aos sem voz com suas fotos e vídeos. Tivemos vários resultados positivos como uma mudança de lei no Panamá relacionada adoção assim também como muitos desafios. Com essas e outras histórias vindas de várias partes do planeta a sensação que se tem é que você realmente está fazendo uma diferença nessa terra nem que seja minúscula, mas que é parte de algo.
Agora que fico mais em casa do que lá fora, as vezes bate a crise em mim e em muitas outras mães amigas minhas que se sentem da mesma maneira, de que você está perdendo algo. É como se em nossa geração fossemos treinadas de uma maneira tão individualista e egoísta que, aquilo que antes era orgulho no tempo de nossas avós e tataravós, virou vergonha e nos passa a sensação de que fomos diminuídas em nossas vida por causa da maternidade.
Fotos: Nadia Carol Otake |
Quem disse? Aonde está escrito que uma tem que competir com a outra?
Porque se pararmos pra pensar, usando meu exemplo, fotografia é apenas o meu trabalho mas isso não define quem eu sou como pessoa. É o que amo fazer e a ferramenta que uso no momento para dar luz e voz. Ser mãe está dentro de mim gravado em todas as células do meu corpo mesmo antes de dar a luz a minha primeira filha. Mesmo se perdesse meus filhos um dia, JAMAIS deixarei de ser mãe, uma vez mãe sempre mãe.
Isso mostra a importância desse papel na vida das mulheres e o fato da sociedade ocidental ter diminuído tanto ao ponto de trazer culpa ao coração daquelas que nasceram para serem mães. Seja de sangue ou de coração, não tem experiência no mundo que revele o amor MAIOR pra nós do que a maternidade. Filhos não são um peso, filhos são investimento, eles que irão definir o futuro das cidades, dos países, do mundo.
Um dia dirigindo o carro voltando de um projeto fotográfico me senti meio confusa em relação ao meu papel agora com um bebê de dois meses no colo e uma máquina no pescoço. Senti uma voz compartilhando comigo assim: "Nádia, todos esses projetos por mais que influenciem o mundo e venham impactar a humanidade, um dia eles estarão em prateleiras ou guardados em caixas e ninguém vai lembrar mais deles, eles são momentâneos, em 10 anos tudo isso que você se encontra envolvida hoje será diferente, mas em 10 anos seus filhos estarão lá, sendo preparados para amar e influenciar a próxima geração...
"Nádia, SEUS FILHOS SÃO AS FLECHAS MAIS AFIADAS QUE VOCÊ POSSUI PARA MUDAR O MUNDO, INVISTA NELES E VOCÊ NÃO VAI SE ARREPENDER..."
Tive um choque dentro do carro e comecei a pensar que tudo nessa vida passa, mas que as coisas mais preciosas que possuo hoje são os bons ensinamentos que recebi dos meus pais e as memórias que me construíram para ser quem sou hoje. É óbvio que a vida é um aprendizado sempre, estou longe da perfeição mas caminhando para ser uma pessoas melhor. É isso que desejo para os meus filhos, que eles entrem nessa jornada para descobrirem e serem TUDO o que foram criados para ser. Que eles guardem princípios bons e priorizem o que é mais valioso nessa vida: Deus, o amor e o próximo. De que eles saibam que tudo o que é material que a gente sonha em ter todo dia, vai passar, mas as memórias ficam.
Quero aprender a lançar meus filhos pro alvo daquilo que o Criador tem sonhado pra eles. E que isso seja parte da pequena porção que possa mudar o mundo. Eu não tenho controle sobre as escolhas que eles irão fazer no futuro mas eu posso lançar sementes no coração deles para que sejam inclinados a fazer escolhas boas na vida.
Sim, eu sonho com projetos fotográficos muito loucos, sonho em viajar o mundo e documentar as histórias de mulheres, orfãos e refugiados. Sonho em entrar em lugares para trazer imagens que o mundo não vê no dia a dia, sonho em documentar o dia a dia dos lugares aonde o mundo não crê haver esperança. Sonho alto e sonho louco, mas sei que nunca deixei de mudar o mundo e ser uma partícula relevante nessa história que envolve bilhões, o que mudou é a maneira como estou fazendo isso nessa fase da vida.
Mudando o mundo...uma fralda de cada vez ; )
"Como flecha nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos da juventude.
Como é feliz o homem que tem sua aljava cheia deles!"Salmos 127:4-5
Publicado originalmente aqui
Todas as fotos no instagram da Nádia
trabalha com fotografia, tradução e escrita. Do Nepal à Itália,
culturas, línguas e viagens vêm tecendo sua jornada .
Formada em Letras, persegue os mistérios da comunicação.
É casada com um engenheiro elétrico, com quem desde 2010
mora no Hawaii. Trabalha com a Universidade das Nações
e sonha em pisar todos os continentes da Terra.
É mãe da Isabella.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expresse-se aqui.