Sabe quando todo mundo está falando “A” sobre qualquer coisa e eis que de repente alguém fala “B”, num tom blasé, como se a toda a humanidade tivesse uma opinião tediosa sobre as coisas? Não? Então vamos a um exemplo. Todos estavam falando das girafas do Facebook. Aí alguém começa a falar mal delas. Aí muita gente se une tirando sarro da modinha. Aí vem um precursor da mudança de tema e diz, “Nossa, todos estão falando mal da Girafa? Isso demonstra que nas redes sociais, na verdade...” E lá vem o discurso sobre a mediocridade da humanidade. Eu chamo esse cara de "o vanguardista do momento”.
Ninguém é original o tempo todo, mas há um momento de lucidez ou de escuridão tão evidente que o indivíduo consegue seus 15 minutos de fama no baixo Olimpo da opinião wébica. Isso acontece principalmente com reações exacerbadas que movem um grande número de pessoas devido a um fato, notícia ou bobeira qualquer. Mas isso não é bom? Não é salutar uma opinião dissonante quando há uma unanimidade? Sim, meus caros, é importantíssimo. Não falo aqui que opor-se seja ruim. O ponto é o vanguardista paladino. Aquele cabra que no modo de dizer já saliva a ostentação da opinião e não o desejo de contribuir com o uso dela. Ser esse promotor da verdade que ninguém quer ouvir, tornou-se um objetivo de vida enrustido, na fácil seara das opiniões abalizadas de facebook. Todo mundo cai na armadilha, inclusive este que vos tecla, que possivelmente o faz neste segundo, ou neste, ou neste.
O vanguardista do momento tem perfis identificáveis:
Talvez ele até pense mesmo, mas não sempre com a profundidade
que ele mesmo gostaria ou mentirosamente julga importante.
2. O defensor dos frascos e dos comprimidos. Gosta de achar o lado sócio-antropológico de tudo. Se todos criticam um clip de funk, é o cara que acha no minuto 2:48 uma referência a uma frase de Foucault no cartaz logo abaixo da dançarina que está descendo até o chão, para diminuir a opinião corrente dizendo que eles é quem são reaças classe média.
3. O hippie, hipster, religioso – Em momentos de unanimidade temática solta frases sobre a vida, a liberdade e como tudo é bom, mas poderia ser melhor. Desfere alfinetadas travestidas de preceitos religiosos, filosóficos e ou poéticos. É parecido com o pensador, mas um pouco mais otimista.
Assim, caros, chego ao final deste surto concluindo – e isso aconteceu agora mesmo – que nada mudou debaixo do sol e como diria Warhol, continuamos procurando pelo nosso “momento celebrity” (ui!).
E nessa, é um que posa de descolado aqui, outro de intelectual ali, mais um que mostra sua despreocupação com as coisas dali, mas na verdade se envolve com tudo. Como a tal da sacrossanta reclamação sobre o que se posta na timeline do facebook hoje. Não seria simples desabilitar o feed, bloquear os indesejados ou simplesmente cometer facebookcídio? Atitude é conto da carochinha. Mais fácil é reclamar e torcer pra um dia conseguir dar a opinião na contramão do sistema e ganhar 100 compartilhamentos com isso. Viva!
Uahahahahah! Genial!
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