Sou conhecido entre amigos e familiares por
esquecer as coisas. Aquele cara que já foi diagnosticado com déficit de atenção
por metade das pessoas que conhece.
Vou até a cozinha beber água, entro, pego uma banana e deixo
a água lá. Pego uma conta pra pagar on line, coloco o boleto junto com as
coisas que vou usar no dia pra não esquecer e eis que de repente, lembro-me
dela após cinco dias. Esquecer o que eu ia fazer ao entrar em um recinto, só
acontece todos os dias.
Incluindo esta reflexão que começou quando alguém
no trabalho numa semana dessas, disse algo sobre esse esquecimento e colocou
outra luz sobre o fato. Pena que eu esqueci, e estou escrevendo com outro viés,
sério (aliás, seríssimo).
Comecei a pensar em quando eu for velho. Se sou distraído e esquecido hoje, como vai ser quando, se Deus quiser, eu tiver uns setenta anos? Tive pena da minha amada Cyn.
Serei atração das festas de família. Meus netos comentarão minhas peripécias tais como caminhadas pelas ruas sem eira nem beira, táxis que pegarei sem saber o destino, trocas de nomes deles etc. Talvez em 2047 tenhamos dispositivos que auxiliem pessoas como eu. Se hoje o celular simplesinho na mão do idoso é uma solução para achá-lo a qualquer hora, talvez, rastreadores, chips, apps e outras invenções que pipocam em nossas timelines a todo segundo hoje possam ser protótipos do que vai salvar a minha então enrugada pele e dar um refresco para os meus descendentes, facilitando-lhes a vida.
Talvez na avançada e sideral segunda metade da
década de 40 do século XXI, haja uma memória virtual, ou um Evernote em minha
mente e tudo o que quiser programarei na nuvem pra não esquecer. Terei
lembretes que eu não vou perceber. Como se o tal do app soube-se que neurônio
ativar para que a minha mente se lembre de não esquecer a hora de fazer alguma
coisa. Talvez nesse dia eu não esqueça mais de nada, serei sempre certo daquilo
que vou fazer, do que dizer, não terei brancos, não mais entrarei em qualquer recinto
sem saber o motivo, ou esquecerei de pagar qualquer conta. Não mais acessarei
uma aba e esquecerei de fechar a do lado, deixando o vídeo que havia começado a
assistir largado até a hora de desligar o computador. Talvez.
Ou talvez e deixe isso tudo pra lá, seja um dinossauro
que não se deixa programar e esqueça de tudo, até, talvez, de quem eu sou. Bem,
se for pra esquecer quem se é, que seja natural e não pelo fato de uma memória
externa me programar e me tornar outro, uma pessoa que sabe de tudo exatamente
quando e como deve ser, com um processador ultrarrápido no lugar da mente. Que
seja apenas eu, o esquecido, o distraído. Apps? Pode esquecer! Em 2047 se for
pra ser, que seja eu e não o robô.
Haha...
ResponderExcluirMe vi um pouco aí também!
Será que isso é genético ?!
Jane
Pode ser, Jane, rs
ExcluirComo seu advogado de defesa (e meu também) defendo que pessoas assim deveriam ser usadas (como robôs) apenas para ações abstratas e imaginativas. Elas nunca deveriam se usadas para pagar boletos e administrar coisas concretas. Infelizmente temos que pagar as contas atrasadas, enquanto filosofamos e esquecemos tudo que é prático.
ResponderExcluirAss: seu esquecido amigo, direto do mundo da Lua.
rs, enquanto respondo seu comentário na outra aba está mais um boleto que eu tinha certeza que tinha pago,quando a Claro nem me mandou ele....Assim concordo plenamente com sua colocação, nobre colega. Que seja incluída na lei!
ExcluirSensacional !!!!!
ResponderExcluirSou eu. E quem disse que não quero ser eu?
Sejamos!
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