Decidi falar sobre o jogo de ontem. Mas me coloquei algumas condições.
Não ser condescendente. Não vilanizar ninguém, não politizar, pensar logicamente,
tentar assimilar o golpe e assim tirar um pouco o sentimento que está dentro e
mim.
Foram sete gols. Sete.
Em menos de sete minutos aconteceu o apagão que deu origem à catástrofe.
Depois do fim do jogo, em menos de 7 segundos, as pessoas ficaram loucas.
Algumas nas ruas depredaram coisas. Outras nas redes depredaram gente. Exatamente
como o blackout da seleção, deu um branco na cabeça do povo. É sério, nunca vi
tantas manifestações desconexas expressas em tão pouco tempo, nem em junho do
ano passado. A lógica sem lógica pré-copa, quando se falava toda sorte de devaneios
e teorias da conspiração voltou como uma avalanche. Pelo jeito estava
represada. Na verdade o que me parece é que apesar de falar mal todo mundo
queria fazer parte da vitória. Ela não veio. Aí como os jogadores, ninguém
sabia o que fazer. Perdidos, sem dar aquela parada, respirada e tendo a atitude
de colocar a bola debaixo do braço e acalmar o time, as pessoas se perderam. Enquanto
o time estava perdido no campo, as pessoas perderam a cabeça.
Entendi que o futebol é importante, até para quem diz não se
importar. Gente que não está nem aí, que não respirou antes de falar com a
cabeça cheia. Gente que acha que o futebol é o reflexo do país.
Espero que não seja. Que não seja um país que abandona os derrotados. Pro
futebol e pra sociedade.
Meu desejo é que a gente respire, recolha os feridos, e
pense. Pense antes de falar, antes de decretar, antes de dar a opinião relevante
e inteligente sobre tudo.
A copa não acabou, o futebol não acabou, o país não acabou. E independente do
que acontecer em outubro também não vai acabar. Mas isso se eu, você e o futebol pararmos,
respirarmos e colocarmos a bola debaixo do braço e andarmos calmamente até o centro
do campo pra recomeçar a partida. Como um dia disse e fez Didi ao tomar um gol:
- Acabou a sopa deles. Agora é a nossa vez.
- Acabou a sopa deles. Agora é a nossa vez.
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