UM DESENHO POR SEMANA

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Páscoa do Pedro


Pedro, meu filho, hoje com sete meses terá sua primeira páscoa, mas não sua primeira Páscoa. Pedro não entende.  O mesmo aconteceu com o seu homônimo, discípulo do Mestre, apóstolo do Salvador.


Simão Pedro teve muitas páscoas até aquele dia que mudou sua história. Suas páscoas eram genuínas, sinceras e tinham significado. Eram a história de libertação do seu povo da escravidão, um tempo de milagres, da presença do seu Deus, muitas vezes de maneira visível. Uma tradição vívida, que contava quem era aquele povo e apontava, a partir do seu passado, para o que eles esperavam para o futuro.   Um futuro longe da opressão de mais uma superpotência como a Romana.


Assim também era Pedro, o homem que após ouvir e conviver com Jesus, viu e foi o primeiro a declarar com verdade que ele era o Messias. Ainda assim o pescador não estava preparado para transformar sua páscoa em Páscoa.


Pedro só entendeu o que era a Páscoa quando foi personagem dela, quando durante ela fez algo absurdo as olhos de qualquer um. Traiu a pessoa a quem antes declarava fidelidade e divindade, negando-a para não ser pego. O pescador havia traído alguém que só falava de amor, alguém que se importava com os outros, que mostrara a nova forma de vida para o mundo. Longe dos dogmas religiosos, o que Pedro havia feito continua sendo condenável em qualquer sociedade. Pedro era como um rato que fugia primeiro que qualquer um antes do barco afundar.
Mas Pedro nisso tudo estava apenas sendo humano e mais, mostrando-nos o que é a Páscoa. Não, não estou defendendo Pedro.


Ao negar Jesus, Pedro é usado para no ensinar o significado real. Ao fazê-lo, permitiu em Cristo, já ressurreto no domingo, o primeiro exemplo de exercício da Graça. Apesar da tríplice traição do discípulo, Jesus o perdoa e mais do que isso, prova seu amor. Dá a Pedro a oportunidade de redenção e tratamento também tríplice. Jesus depois da ressurreição pergunta ao discípulo “Pedro, tu me amas? então apascenta minhas ovelhas”. Jesus não disse “não falei que você ia me negar? Pedro, como pôde? Depois de tudo…”. Pelo contrário, Jesus deu a aquele que o traíra o privilégio de uma missão “...apascenta minhas ovelhas..”


Pedro não precisou se redimir para que Jesus o amasse e demonstrasse isso. Pedro não pagou, não deu, não ajoelhou, não prometeu, não sacrificou. Pedro não fez nada externamente. Pedro se arrependeu, se derramou e o amou. Sem merecer, Pedro usufruiu do benefício do sacrifício do Cordeiro, pela sua redenção. Pedro foi perdoado, assim, de Graça. E ainda, ao declarar o seu amor, foi premiado com a confiança do Mestre.


Pedro não merecia ser tratado com tamanha misericórdia. Eu não mereço e você também não. Mas a Graça é para todos que se arrependem e o amam, desde aquele dia em que Pedro entendeu a Páscoa.
A partir de hoje e nos próximos anos, meu Pedro ruivo, vai aproveitar da páscoa, sendo ensinado por seus pais, avó e tios, mas não vai entender. Vai comer chocolate e ver os almoços de domingo. Até que um dia, na cabeça e no coração, pela Graça, crescido vai aproveitar em toda a sua plenitude o que um dia seu xará mais famoso, nos ajudou a entender: A Páscoa.

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