Sono de gibi. Creio que esse é o sonho de grande parte dos habitantes do mundo. Quem leu, ou lê HQs, sabe do que eu estou falando. Raramente o sono é atribulado e quase sempre a personagem tem um sorriso no rosto.
Quantas horas você dormiu de ontem para hoje? Você conseguiu descansar?
Os médicos recomendam que o ser-humano adulto durma um mínimo de 6 horas por dia, e as crianças, 8 horas. Outro dia vi em um filme, um rapaz dizendo que não dormia por opção, porquê não ia perder um quarto da sua vida deitado sem fazer nada. Havia muito pra ver, muito pra fazer. Poético, mas não muito prático, ou real. Diria que dormir é também parte da vida, e não apenas uma imposição biológica. Por outro lado, ao saber da luta de meu sobrinho de 8 meses para não dormir, vi que em certos momento da vida o que queremos é realmente vive-la intensamente. A criança aproveita tudo com muita intensidade, já que tem muita coisa a descobrir, e o sono a pesar de necessário, se torna para ela, um limitador de experiências.
Segundo os especialistas, muito dos nossos costumes ao dormir, vem do meio social, dependendo da nossa tarefas e rotinas do dia a dia. Dormimos por um período específico, porquê temos um outro período em que trabalhamos, outros em que comemos e etc. Se não fosse assim poderíamos dormir em vários períodos curtos, e ficar muito mais tempo sem dormir. Ou seja, condicionamos o nosso sono a um período por causa de todas as outras coisas. Uma pessoa que leva isso até as últimas conseqüências é o velejador Amir Klink. Como veleja sozinho, Klink afirma que em suas viagens dorme de 20 em 20 minutos, pois precisa estar alerta para qualquer coisa diferente que ocorra com o barco ou tempo, não podendo ficar longos períodos descansando.
E é assim conosco também. O ser humano tem facilidade de se adaptar às diferentes situações. Pelo menos a maioria delas. Somos assim por natureza, nos integramos, aprendemos com as dificuldades e desenvolvemos estratégias de sobrevivência, criamos, construímos.
E não é que fizemos tanto isso, que agora temos que adaptar a nós mesmos? É, temos que nos adaptar às nossas exigências de conforto, aos nossos conceitos de felicidade, ao nosso ritmo de vida. Se o nosso sono depende de nossos outros compromissos, é aí que reside o problema. Se cada um que lê oqéisso, colocasse aqui a média de horas que dorme, e a qualidade do sono, creio que, num exercício futebolístico, a média ficaria entre 4 e 5 horas, e avaliação seria regular. Poucos realmente tem o citado sono de gibi. O ritmo da vida de hoje raramente deixa. Sempre existiram profissionais que tinham horários diferentes, com plantões e etc.
Mas atualmente, isso tem sido comum a quase todos os ofícios. Foram criadas novas profissões para satisfazer novas necessidades que fazem com que o homem desregule toda a sua vida. Isso não é nenhum caos, mas além da adaptação o homem se acostumou a tudo isso e agora sente as dores de suas escolhas. Dormir agora é algo descartável. É preciso fazer, fazer, fazer. Até o lazer é um trabalho. Separa-se um momento para o lazer, tira-se do sono. O trabalho, o lazer, as funções que temos, tiram o lugar do bom sono até quando dormimos. Muito passam à noite, em claro pensando o que vão fazer de amanhã, sobre aquela reunião, ou o trabalho a entregar, ou as coisas que tem que arranjar para aquela festa. Correr atrás do vento. É isso.
No final das contas somos como meu sobrinho Miguel, queremos experimentar tudo, fazer tudo, colocar o mundo todo na boca. E isso às vezes é bom, outras é até necessário. Mas com o passar do tempo percebemos o mundo de outra forma, conquistamos outras coisas e precisamos parar um pouco.
E quanto a mim, posso dizer que não tenho lá muitos problemas com o meu sono. Ontem dormi tarde, inventei de ver um filme, mas apaguei logo depois. Não foi assim,um sono de gibi.Também, queria postar logo esse texto...
Trilha sonora:
Sono de gibi (Hélio Ziskind)
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