E não é que foi difícil escrever? Foi sim. Tive mil idéias, linhas, perspectivas do assunto. Comecei vários textos, ainda na lua-de-mel foram muitos. De algumas idéias até gostei e provavelmente me servirão para posts futuros. Mas nada para agora, para o momento do casamento.
Mudança, encontro, projeto, vida, jornada, início, etapa, amor, paixão, aprendizado, conquista, pensei em todas essas palavras inerentes às núpcias. No entanto, surpreendentemente o que veio à mente mais forte foi a receita do bolinho de chuva.
É, foi isso. Me veio assim, de repente. Poderia falar aqui do nosso primeiro encontro ou do dia em que a pedi em casamento. Podia muito bem falar do nosso maravilhoso primeiro mês de namoro e também dos subseqüentes meses estranhos. Falaria do nosso primeiro cinema juntos ou mesmo contaria sobre nossas brigas. Poderia falar o quanto é difícil o processo do casamento a partir do momento em que se marca a data. Sobre como o mundo parece conspirar para o casamento não acontecer. Poderia até falar como essas dificuldades são fundamentais tanto para o sucesso futuro quanto pra desistência de outros no meio do caminho. Somando-se a isso, então, poderia falar da pressão de todos, sociedade, família, igreja. Mas também falaria da pressão quem vem de dentro, provavelmente a pior de todas.
Nada disso. O assunto que está na minha cabeça é a receita de bolinho de chuva.
Talvez fosse mais natural falar das nossas músicas, falar dos Beach Boys, do Wallflowers ou do Simoninha. Fazer uma declaração de amor, colocar uma foto nossa aqui, dizer que sou uma pessoa muito melhor hoje. Seria certo dizer que, novo no assunto, não sei o quanto a vida dois é difícil e que casamento é compromisso. Mas o que interessa é a receita...
Poderia - graças a Deus - fazer versos com os atributos físicos de minha esposa, tentar descrevê-la descendo pela nave da igreja.
Poderia dizer quem é a Cyntia, ou quem sou eu, ou ainda mais, quem hoje somos nós juntos. Mais normal seria falar das dificuldades domésticas, da troca do chuveiro ou dos problemas hidráulicos. Ou como numa entrega de prêmio, poderia agradecer a todos que nos ajudaram das mais diversas formas. Poderia falar da lua-de-mel, do hotel ou das dunas de Natal, ou da importância do protetor solar. Poderia falar o quanto custa casar, em tempo e dinheiro, fazer um manual, um gráfico, um desenho. Mas sei lá,o bolinho...
Poderia falar do prazer de ter uma casa. Poderia falar sobre a visão de ter minha própria família. Poderia falar da responsabilidade de zelar por alguém todo o tempo. Poderia falar de sexo, de amor. Poderia falar de planos para o futuro. Poderia falar que Deus gosta muito dessa história de casamento. Talvez se tivesse falado essas coisas, eu até citasse como em tudo é imprescindível o toque feminino e também a objetividade masculina, às vezes truculenta, outras necessária. Poderia pensar na maravilhosa aventura que é estar casado e dissertar sobre o assunto. Poderia, mas não vou. Vou falar sobre a receita de bolinho de chuva. Vamos lá então, a receita é a seguinte:
Bem, na verdade não tem receita, eu sei os ingredientes e talvez eu vá passando aos poucos. Agora, as quantidades você vai pegando com o tempo e a prática, nem precisará de medidas, xícaras ou colheres. Pelo menos foi assim que eu aprendi a fazer...
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