UM DESENHO POR SEMANA

quinta-feira, 13 de março de 2008

Duas caras (do preconceito)

Aniversário da cunhada da minha esposa. Pessoas espalhadas pela casa. Algumas sentadas na sala. Ali uma TV era desprezada, e tinha seu som abafado pelos burburinhos e conversas de festa. Foi então que aconteceu. De repente, os olhos se voltaram para a tela. Na novela um alvoroço numa rua da cidade cenográfica. Figurantes com bíblias, paus e pedras nas mãos. Com um furor de quem só poderia estar completamente louco ou possuída, uma mulher urra e lidera os figurantes vestidos de terno e gravata, ou com saias com o comprimento abaixo do joelhos no caso das mulheres , segurando as bíblias. De repente, todos esses começam a atirar pedras na mulher grávida e a espancar um rapaz. Invadem a casa da mulher grávida e quebram as coisas, rasgam o colchão. Os participantes da festa soltam expressões como, “o que é isso?”, “que absurdo!” Na mesma sala dois dos convidados sentem algo ruim, do tipo “ O escritor da novela ficou louco?”

Aguinaldo Silva não ficou. Apenas, é o desespero atual da Rede Globo em busca da audiência que um dia tiveram. E o tal do preconceito. Sim preconceito, aquele que todo mundo diz que não sente. Se você acha que eu estou falando de homofobia, defendendo os direitos da mulher (creio que esses eram os temas que o autor tentava tratar), desculpe mas você está enganado. Falo da visão sempre deturpada a respeito dos chamados evangélicos, protestantes, ou crentes, como preferir. A Falta de verossimilhança da cena chegou em um nível de qualidade abaixo do aceitável, mesmo para um simples folhetim televisivo. OK, talvez essa possa até ser a defesa contra qualquer comentário sobre a seqüência. É tão fantasiosa que ninguém vai dar atenção.Talvez não. Talvez não mereça atenção alguma. Mas no mínimo vemos um problema, o tal do preconceito.

Só faltaram as tochas para fazer uma alusão cinematográfica a caça às bruxas acontecida na transição entre idade média e moderna, por pessoas que também se diziam cristãs.
A verdade é que a história da igreja protestante no Brasil é simplesmente contrária a isso. Por sempre ser minoria, mas conseguir penetrar em território alheio, ela é que foi perseguida e literalmente apedrejada, e poucos, incluindo os próprios seguidores, sabem disso.

Nunca foi uma igreja que impediu ações políticas, leis, liberdade de imprensa ou apoiou oficialmente qualquer arbitrariedade. Ainda assim, a visão midiática dos “crentes” é sempre caricata ou perjorativa.

Duvido que alguém se lembre de qualquer trama televisiva em que houvesse a visão de “evangélicos“ que simplesmente trabalhassem, tivessem dramas, doenças, alegrias e problemas como todas as outras pessoas. Não existe.

Como em todo o setor da sociedade, seja ele agremiação, partido político, empresa, existem pessoas também ruins nas igrejas protestantes. O problema é que são sempre essas as mostradas. O espaço nunca é democrático. Passar as ações sociais, a mudanças de vida de pessoas nas mais diversas e difíceis situações, é impossível.

Queria entender esse ranço dos produtores culturais com as igrejas protestantes. Nos EUA até é possível de compreender já que lá, líderes da igreja Interferem na aprovação de leis, se mostram favoráveis às guerras sem o menor motivo que os presidentes, democratas ou republicanos, inventam e etc.

Porém, é conhecido por todos os que professam sua fé participando das igrejas evangélicas, que quanto maior a perseguição, mais a comunidade cresce e se fortalece. Os seguidores do Caminho, tem sim seus problemas, mas certamente não são o que a mídia diz.

Preconceito é uma praga. Seja por causa da cor da pele, da classe social, do gênero, da ideologia política ou da fé de cada um. Só quem sente o preconceito na pele sabe o que é. Como os católicos quando um pastor da Igreja Universal de maneira ofensiva chutou a imagem. Pois às vezes, uma obra de ficção vista por milhões de pessoas todos os dias, pode ter o mesmo efeito de um chute.

Preconceito, reitero, é uma praga. Mas hipócrita é quem diz que não tem preconceito algum.

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