Não li Ariano, Ubaldo e Alves como deveria. Não li.
Não li porque perdi muito tempo na vida fazendo outras coisas e não lendo, não escrevendo, não lendo, não escrevendo.
Não li porque perdi muito tempo na vida fazendo outras coisas e não lendo, não escrevendo, não lendo, não escrevendo.
Foi aí que comecei a correr a atrás. Mas isso é uma outra
história, outro dia, outro clima.
Dos três, Ariano é quem me chega mais fácil. Não por que o
seja, mas por que ele quer que seja. Toda a referência dele serve à busca de
uma não erudição, apesar dela estar nele. É falar com cara de simples o que é
complexo, é analisar a história contando uma pequena. Pra mim, nada é mais
difícil que isso, assim como Picasso dizia, sobre seu objetivo de pintar como
uma criança. Trazer tudo o que você sabe para traços simples. A tal da
sofisticação que existe nas linhas básicas.
Ariano deu ao Brasil diversão erudito-popular sem ser
popularesca. Deu voz (amplificada pela produção audiovisual que se seguia um momento especial de redescoberta cinematográfica do país - no qual Ubaldo também foi representado por Deus é brasileiro) a
ícones que deixariam o nordeste mais próximo de si mesmo e das outras regiões.
Trabalhou com o que existia pra criar o que não era. Dele vem o árido como textura e não apenas
como desolação determinada, a miséria como propulsor e não apenas como explicação. Dele
vieram à tona, em meio à poeira, os sons sertanejos misturados com viés de
erudição, mas com gosto de chão batido em rimas medievais, em desafios e
repentes, nos diálogos de seus personagens ou nas palestras e entrevistas divertidas
e afiadas que se divulgam por aí. A xilogravura é a sua cara. A história
contada a seco, sem perspectiva, muita alegoria e contraste.
A morte às vezes faz brotar o novo. É comum ter uma corrida da obra de quem acabou de partir. Quem sabe como falecimento desses três, a gente (isso, eu e você) volte a se reconhecer um pouco mais em meio a um solo árido de palavras, sentido e sentimento de pertencimento coletivo.
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