Despertador do telefone toca às 7:39
Olhos abrem. O primeiro pensamento: “tenho que pegar o remédio pra dor de cabeça”.
Ainda que rápido, o tronco levanta de maneira ergonomicamente responsável, pra não causar acidentes ortopédicos. “Não vou nem colocar roupa, vou pegar o remédio primeiro”. “Pega a roupa no armário com o mínimo de barulho possível pra não acordar a esposa. Leva pra sala, joga no sofá. Banheiro, necessidade. “já vou pegar o remédio, não vou ficar o dia inteiro com dor de cabeça como ontem”. Volta pra sala, troca de roupa. Senta pra colocar a meia. Encosta a cabeça no sofá, cochila por 12 segundos. Abre o olho. Liga a TV.“Não vou nem comer. Vou pegar o remédio.” Levanta, pega o sapato na área de serviço. A esposa acorda. Beijo. Branco. Coloca o sapato. “8:20, preciso sair”. Levantou. “Come uma banana” disse ela. “Já comi ontem”. “Come hoje.” Pega a banana e come. “Está ventando pra caramba, mas não está tão frio” pensa. Vai até o quarto e pega uma jaqueta. Pega as chaves, inclina-se e beija a esposa e sai.
Ventava mais do que eles estava pensando. Coloca a jaqueta que fica esquisita com a camisa xadrez. Chega no trabalho. Se vê no reflexo do vidro e enxerga o visual clown desempregado. “bom dia” número um, “bom dia” número dois, “bom dia” número três. Chega a sua mesa, senta-se e liga o computador. Inspira “Esqueci o remédio”. Um sorriso de canto.
Que sorte, não estava com dor de cabeça.
Nossa bem eu! Salvo eu continuar com dor de cabeça.
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