Minha esposa me perguntou o que eu queria fazer no meu
primeiro dia dos pais.
Na hora me deu um branco, travamento do Windows clássico.
Fora obviamente estar com meu filho, nada vinha a minha cabeça. Posso fazer o
que os pais fazem, mas o que eles fazem no dia dos pais, principalmente com um
bebê de 11 meses? Ir a um restaurante no almoço? Passear no parque? Ficar em
casa com a família? Não sei. Assim como não sei mais um monte de detalhes a
respeito da paternidade.
É de conhecimento geral que, enquanto mães, impostas por sua
biologia e sugeridas por seu sexto sentido, nascem sabendo o que devem fazer,
mesmo quando acham que não sabem, pais não tem a mesma sorte. Todo pai
incipiente é um bebê-pai junto com seu filho. Para o pai – pelo menos os
sinceros – criar /educar é um mistério que vai se revelando dia a dia,
exatamente como a vida é para o bebê. Por isso a relação pai e filho é um
aprendizado mútuo, cada um na sua persona.
Nesse momento de percepção da própria ignorância,
instintivamente os homens fazem o que qualquer um faria, apelam para os seus
exemplos ou a ideia que possuem do que é ser pai. Imitam padrões ou
simplesmente repetem a educação a que foram expostos. Nada mais natural.
É nesse ponto que me encontro comigo mesmo na vantagem de
estar no que chamo de paternidade pura, quase virgem. Nascido numa família
exemplo da mudança ocorrida nos anos 80, com o aumento crescente de casamentos
desfeitos, cresci com uma relação paterna mais distante que as recomendáveis
por igrejas, psicólogos e comerciais de empreendimentos imobiliários. Mas é
claro, ainda tenho o inconsciente coletivo, os livros, os filmes, os mentores
da adolescência, os professores da escola e os bons amigos um pouco ou muito à
frente na jornada. Esse estado me permite assumir minha paternidade trôpega,
com o objetivo de aprender realmente a andar e não me enganar com os andadores
dos modelos que existem.
A paternidade, no fim das contas, é uma criança que enfrenta
e se maravilha com o desafio do momento: se expressar, dizer o que quer, o que
precisa. Calcular a que distância ficar, quando é bom estar perto, quase
grudado e quando deve-se dar espaço pra não bater a cabeça. Começar com o
alimento líquido, sentir nascer o dente e passar a comer alimento sólido. Se
esforçar pra engatinhar, estar seguro pra ficar em pé e enfim andar. Outros
desafios aparecem, mas os primeiros anos dão as pistas pro futuro.
É por isso que me sinto feliz e com um frio na barriga por
esse domingo que se aproxima. Porque, ainda que eu não escale o Aconcágua ou
faça um mochilão pela Tailândia, desde aquele dia em que fiquei com o Pedro
sozinho no quarto da Maternidade de Campinas, tudo em minha vida é e será uma
aventura. Um não saber, um experimentar pra depois perceber e aplicar na
próxima viagem. E o melhor, com amor carimbado em todas as folhas do
passaporte.
Muito bom Jean!! Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirA paternidade, para qualquer pai que deseja ser um, é um tremendo desafio de mão na massa e descobertas de desenvolvimento de um pequeno ser que nos transforma a cada dia! Cansa, mas recompensa! E muito!
Vamos aproveitar pois passa muito rápido!
Grande abraço!
Obrigado Nelson. Exatamente, a paternidade é crescimento, e a descoberta de desenvolvimento dele e nossa. A gente se desenvolve junto. Valeu!
ExcluirMuito bom Jean! Forte abraço
ResponderExcluirObrigado, Rodrigão!
ExcluirQue lindo!
ResponderExcluirEmocionante! Tanto que nem sei me expressar em melhores palavras...
Feliz Dia dos Pais!
Poxa, que bacana Aninha! Pra mim o seu eleogio está mais que perfeito. Obrigado por sempre aparecer por aqui.
ExcluirIncrível ver o ponto de vista de um pai em seu primeiro dia dos pais. Achei interessante q realmente uma mae mesmo q de primeira viagem parece saber o q fazer. Foi muito bom ver este outro lado.
ResponderExcluirQue legal, Vania. Exatamente, por isso que é tão importante a criança ter os dois. O pai é a primeira relação de fora que tem que ser construída. Bacana sua percepção.
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